Depressão infantil
- 15/03/2024
A manifestação da depressão na infância é de difícil identificação. Como a criança está em pleno desenvolvimento, por vezes, os pais percebem certas atitudes e comportamentos como parte integrante desse processo.
Além disso, as crianças normalmente se mantêm em silêncio sobre o que estão sentindo. Isso porque elas não têm o mesmo entendimento que um adulto possui sobre suas emoções e sentimentos.
A depressão infantil é como a depressão em adultos. A criança se torna mais quieta, mais desinteressada e mais volúvel. Suas emoções oscilam, tornando seu comportamento confuso. Mas, para os pais, essa mudança no modo de agir pode ser vista como “apenas uma fase” do crescimento.
O tabu, o preconceito, o medo da necessidade de remédios (ou mesmo terapia) e a crença de que tudo não passa de algo normal naquela idade só impedem que pais e responsáveis busquem por ajuda profissional. Por isso é muito importante falar sobre depressão nesta faixa etária, principalmente em espaços escolares, por meio da promoção da educação socioemocional.
De acordo com o Ministério da Saúde, o índice de depressão infantil no Brasil varia entre 0,2% a 7,5% para crianças abaixo de 14 anos. Na idade pré-escolar, a ocorrência é menor do que na fase próxima da adolescência.
De 2000 a 2015 os casos de suicídio cresceram 65% entre pessoas de 10 a 14 anos, tendo forte ligação com a depressão (OMS).
Neste contexto, é importante deixar evidente a importância dos pais estarem atentos a mudanças bruscas de comportamento, principalmente quando a criança se fecha repentinamente. Infelizmente, um dos fatos mais comuns, são crianças e adolescentes que desenvolvem algum transtorno mental após serem vítimas de abuso.
A criança é comumente levada a diversos médicos antes de chegar à psicoterapia. Como os pais não sabem ao certo a origem dos sintomas, acabam procurando apenas causas físicas e, somente em último caso, buscam por profissionais especializados em saúde mental.
Ao perceber que a criança está mais quieta e apática, converse com ela, pergunte sobre seus sentimentos, sobre a escola, sobre as amizades e professores. Em algum momento, você perceberá um padrão em suas respostas indicando que algo está errado.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ressalta a importância da rede de apoio familiar para garantir o bem-estar físico e mental de crianças e adolescentes.
Muitas vezes os pais acabam negligenciando as emoções e as necessidades dos filhos, ignorando birras, desobediência, comportamento opositor, intolerância às frustrações, apatia e desatenção.
Quando na verdade, os comportamentos são pedidos de ajuda por parte da criança.
É essencial que o ciclo familiar busque quebrar o silêncio em torno da saúde mental e passe a fomentar a cultura da escuta sem julgamentos.
Por fim, manter constante comunicação com a criança, procurando saber sobre seu bem-estar e sua vida fora do ambiente familiar (escola, casa de amigos, etc) não apenas deixa os pais informados, mas também demonstra interesse por parte deles.
Por João Alexandre
Imagens: Internet