Depressão de Fim de Ano

  • 21/12/2023

Depressão de Fim de Ano

Com a chegada do mês de dezembro, a grande maioria das pessoas passa a refletir sobre tudo o que fez, ou deixou de fazer, ao longo do ano e inicia o tão famoso planejamento para construção dos objetivos e metas a serem alcançados nos próximos doze meses. Em consonância, surgem as diversas propagandas e imagens de amor e alegria nas redes sociais, vitrines de lojas, revistas e redes de televisão. A união desses fatores podem servir de gatilho e levar determinadas pessoas a experimentarem sentimentos de solidão e angústia. Sensações bem diferentes do esperado para o clima natalino.

Por incrível que pareça a "Depressão de Fim de Ano" é um fenômeno bastante comum e acontece na época das festas do Natal e Ano Novo. Período marcado por desfechos e mudanças, o que pode gerar, em muitas pessoas, emoções de tristeza e frustração em relação aos acontecimentos do ano que passou, assim como uma ansiedade elevada em relação as expectativas do próximo período.

O momento também traz consigo recordações de festas passadas, vividas na companhia de familiares e amigos que se foram, como também podem remeter a comemorações anteriores mais favoráveis, inclusive do ponto de vista financeiro. É o período em que surgem frases do tipo: "É o primeiro natal sem a presença da minha mãe" ou "É mais um ano sem conseguir comprar um presente melhor para meu filho".

Lembranças de entes queridos que já se foram ou mesmo relações familiares desgastadas e conflituosas podem corroborar para criação de um clima tenso e conflituoso.

Um estudo feito pela International Stress Management Association Brasil (ISMA-BR) revelou que o nível de estresse do brasileiro aumenta cerca de 75% no mês de dezembro. Esse tipo de manifestação pode estar associado a problemas financeiros, sobrecarga na organização das festas e, inclusive, ao período de reflexão e nostalgia, típico em situações de fechamento de ciclos.

Embora todos esses elementos e sentimentos, juntos e misturados, possam deixar qualquer pessoa abatida, os especialistas não acreditam que se trate de um tipo de depressão específico. Isso porque não há nada de patológico nesse estado de melancolia, que tende a passar assim que o novo ano surgir, de fato.

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Nesta época há uma pressão social muito grande para que as pessoas estejam felizes. O que pode ser altamente nocivo.

Uma felicidade genuína não contempla somente situações prazerosas, mas também se adapta às tristezas e ansiedades da existência humana, já que todos esses sentimentos são plenos de significado, mesmo que muitas vezes sejam cercados de momentos desconfortáveis.

Prevenção

Um passo importante é desmistificar a ideia de que necessariamente devemos estar felizes neste período do ano, haja vista que ninguém consegue ser alegre todos dias do ano e que é normal apresentar altos e baixos. A tristeza e a angústia, fazem parte da vida, assim como os momentos de felicidade.

O mundo não é perfeito. O problema é como lidar com isso, como encarar os gatilhos que a vida pode trazer para avaliar o ano e não ficar frustrado ou chateado com o que conseguiu ou não conseguiu ao longo daquele período.

Por outro lado, é importante não entrar no clima de competição e de comparação impostas, principalmente, pelas redes sociais, uma vez que pode ser prejudicial para quem está passando pela “síndrome do final de ano”.

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Luto

As festividades de final de ano podem ser um tanto quanto pesadas para quem acabou de perder um ente querido ou passou por algum outro tipo de perda significativa (divórcio e desemprego, por exemplo). Ainda que amigos e familiares convidem para as celebrações, não somos obrigados a participar caso não estejamos preparados.

Em um processo de luto, há aqueles que preferem ficar perto de pessoas próximas e outros que se sentem mais confortáveis sozinhos. Independente da personalidade, o importante é fazer o que sentir vontade e não fingir que está tudo bem apenas para agradar os demais. Conectar-se consigo mesmo através da meditação e oração ajuda bastante para compreensão do momento e na tomada de decisões.

Se as emoções afloram no Natal por conta da perda de um ente querido, em vez de lembrar com pesar dessa pessoa, passe a recordar os momentos alegres e divertidos vividos com ela. Com isso, a lembrança vem cercada de carinho e coisas positivas.

Caso decidamos a participar das festas, não podemos se sentir na obrigação de conter os sentimentos que podem aparecer nessas ocasiões. Cada indivíduo reage à perda de forma particular e não existe “certo ou errado” diante dessas situações.

Não há problema nenhum em se descontrair, mesmo quando o luto é recente. Ao encontrar um ponto de distração e alegria entre amigos e familiares é importante abraçar esse momento sem culpa.

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Metas

Ter metas e objetivos é importante, obviamente, mas as pessoas precisam ser realistas. Não dá para criar metas inalcançáveis. A meta deve começar com pequenos passos para não ter que abandoná-la logo nos primeiros meses do ano. 

Não adianta pensar que vai mudar toda a vida da noite para o dia. As pessoas não precisam resolver tudo nos últimos dias de dezembro, porque não vão conseguir. A resolução, se dá por meio de mudanças nos hábitos e nas rotinas diárias ao longo de todos os dias do ano e não nos últimos 31 dias do ano que se encerra.

Outro ponto a ser observado é não tentar camuflar o que o ano foi. Se ele foi triste, desafiador, com pontos a melhorar, ou decepcionante, esteja ciente disso e não tente transformá-lo em algo positivo nos últimos minutos apenas para passar uma mensagem positiva. É necessário parar de romantizar as metas e passar a encará-las de forma responsável e estratégica. 

Estar atento e não procurar culpar as pessoas, pelo ano não ter sido favorável é fundamental, uma vez que existe uma tendência natural de terceirizar a culpa. Assumir as responsabilidades é algo primordial para quem quer se autoconhecer e não cair nas tentações dessa falsa felicidade.

Se as metas deste ano não foram conquistadas, não tem problema: o importante é ter o foco no futuro, traçando objetivos e novas metas, que sejam condizentes com a realidade.

Auto Estima

É essencial prezar pelo autocuidado, zelar pelos laços de amizades estabelecidos e não se obrigar a sentir o que as convenções sociais impõem. Sendo assim, é crucial sabermos respeitar nossos próprios sentimentos e mesmo diante dos inúmeros obstáculos, primar pela preservação da autoestima e da esperança por dias melhores.

Por João Alexandre

Imagens: Internet


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