Os 4Ds da prevenção do suicídio e sinais de alerta
- 26/06/2023
A maioria das pessoas com ideias de morte comunica seus pensamentos e intenções suicidas. Elas, frequentemente, dão sinais e fazem comentários sobre “querer morrer”, “sentimento de não valer pra nada”, e assim por diante. Todos esses pedidos de ajuda não podem ser ignorados. Fique atento às frases de alerta. Por trás delas estão os sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio.
São quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero (regra dos 4D). Nestes casos, frases de alerta + 4D, é preciso investigar cuidadosamente o risco de suicídio.
Frases de alerta: “Eu preferia estar morto”. “Eu não posso fazer nada”. “Eu não aguento mais”. “Eu sou um perdedor e um peso pros outros”. “Os outros vão ser mais felizes sem mim”.
Quando as pessoas dizem “eu estou cansado da vida” ou “não há mais razão para eu viver”, elas geralmente são rejeitadas, ou então são obrigadas a ouvir sobre outras pessoas que estiveram em dificuldades piores. Nenhuma dessas atitudes ajuda a pessoa sob risco de suicídio.
O contato inicial é muito importante. Frequentemente, ele ocorre numa clínica, casa ou espaço público, onde pode ser difícil ter uma conversa particular.
Passos importantes:
1. O primeiro passo é achar um lugar adequado, onde uma conversa tranquila possa ser mantida com privacidade razoável.
2. O próximo passo é reservar o tempo necessário. Pessoas com ideação suicida usualmente necessitam de mais tempo para deixar de se achar um fardo. É preciso também estar disponível emocionalmente para lhes dar atenção.
3. A tarefa mais importante é ouvi-las efetivamente. Conseguir esse contato e ouvir é por si só o maior passo para reduzir o nível de desespero suicida.
O objetivo é preencher uma lacuna criada pela desconfiança, pelo desespero e pela perda de esperança e dar à pessoa a esperança de que as coisas podem mudar para melhor. Uma abordagem calma, aberta, de aceitação e de não-julgamento é fundamental para facilitar a comunicação.
A melhor maneira de descobrir se uma pessoa tem pensamentos de suicídio é perguntar para ela. Ao contrário da crença popular, falar a respeito de suicídio não inocula a ideia na cabeça das pessoas. Elas até ficarão muito agradecidas e aliviadas de poder falar abertamente sobre os assuntos e as questões com as quais estão se debatendo.
Necessariamente, você também não terá de “carregar” o problema da pessoa caso não se sinta momentaneamente capaz: você poderá pedir ajuda junto a profissionais especializados.
Precisamos abordar o tema, para ampliar o conhecimento sobre o assunto e reduzir o preconceito. Frequentemente ouvimos frases preconceituosas e incorretas sobre comportamento suicida, como “quem quer se matar, se mata mesmo”, ou “faz isso para chamar a atenção”, ou “fez isso porque é um covarde”. Nada disso é verdade. As pessoas com comportamento suicida estão em grave sofrimento e precisam de ajuda e tratamento adequado. E existem tratamentos eficazes.
Muitas pessoas também abandonam o tratamento por causa do preconceito e estigma que ainda existem em torno dos pacientes psiquiátricos. Essa é uma realidade, chamada de Psicofobia, e está presente em diversos segmentos da sociedade, e, infelizmente, um padecente de doença mental que não realiza o tratamento corretamente ou abandona, tem grandes chances de cometer suicídio, uma vez que cerca de 96,8% dos casos estão relacionados aos transtornos mentais, conforme dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Falar sobre suicídio é importante e necessário, mas não é fácil. O objetivo é que seja uma comunicação segura, instrutiva e que apoie o cuidado à saúde mental. Cuidado e atenção são essenciais, uma vez que comunicações descuidadas podem agravar o problema.
Os sinais de alerta nem sempre são óbvios e podem variar de pessoa para pessoa. São apenas sinalizadores, não o diagnóstico em si, podendo nem estarem presentes e não indicarem necessariamente risco de suicídio. Mas como são comumente associados ao perfil, vale a pena serem observados e conhecidos.
Algumas pessoas deixam suas intenções claras, enquanto outras mantêm os pensamentos suicidas e sentimentos ocultos e quase indecifráveis.
Onde buscar ajuda:
- CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde);
- UPA 24h, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais;
- Centro de Valorização da Vida (CVV) através do telefone 188 (ligação gratuita) - 24h e todos os dias.
O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone e pelo site: www.cvv.org.br.
Fonte: Ministério da Saúde - Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio
Imagens: Internet
João Alexandre